Pretoguês e a sua ressignificação: do olhar pejorativo à resistência/representação sobre as marcas de africanização linguística

Autores

  • Makosa Tomás David Universidade Federal de São Carlos

DOI:

https://doi.org/10.17058/signo.v50i99.20692

Palavras-chave:

Africanização do Português, Colonialidade da Língua, Lélia González, Línguas Bantu, Pretoguês

Resumo

Sendo o Pretoguês, hoje, um símbolo que recupera, mediante todo o processo de ressignificação, os elementos identitários e linguísticos das línguas Bantu, foi considerado um termo pejorativo durante todo processo colonial. Então, a partir disso procuro analisar a origem, a trajetória e a ressignificação do termo "Pretoguês", demonstrando como ele representa a fusão linguística entre o português europeu e as línguas Bantu em Angola e sua posterior influência no português brasileiro através do processo transatlântico de escravizados. Seguindo essa linha de raciocínio, destaco o papel de intelectuais como Lélia González na valorização do Pretoguês enquanto legado cultural, além de comparar traços comuns no português angolano e brasileiro, como adaptações fonéticas e sintáticas. Conclui-se que o Pretoguês representa não apenas uma transformação linguística, mas um ato político de preservação identitária, desafiando hierarquias coloniais e reivindicando atos políticos que questionam a colonialidade da língua.

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Biografia do Autor

  • Makosa Tomás David, Universidade Federal de São Carlos

    Natural de Luanda – Angola, Makosa está mestrando no Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade Federal de São Carlos. concluiu sua graduação na Universidade Federal do Sul da Bahia – UFSB no curso de Licenciatura Interdisciplinar em Linguagens e Códigos e suas Tecnologias (29/11/2021-02/08/2025), onde ingressou por meio de transferência externa concedido pela sua antiga Universidade Agostinho Neto – UAN, Angola. Ex-intercambista da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC no curso de Letras - Língua Portuguesa, em 2021, bolsa concedida pela AULP - Associação de Universidades de Língua Portuguesa. Fez o Ensino Médio no Liceu nª 3088, em Luanda, no curso de Ciência Econômica e Jurídica (2017 – 2019). Em 2020, atou como professor formador para ingresso na universidade na sua comunidade do Kikolo-Angola. Foi membro do grupo de Estudo Raciais e Linguísticos (UESC, 2022-2024) e do grupo de pesquisa Linguagem e Racismo (UFSB, 2022-2024). Foi um dos organizadores da Primeira Jornada Internacional de Estudos de Linguagem: Racismo Linguístico e Racismo nos Estudos da Linguagem realizado em Ilhéus no ano de 2022. Desenvolveu pesquisa como bolsista de IC na UFSB, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB na qual era coordenador, onde pesquisou sobre Racismo e Antirracismo no Ensino de Línguas - Ilhéus e Itabuna (2022 - 2024). Foi colaborador da pesquisa "O Pretuguês do quilombo e dos terreiros de candomblé: educação linguística e transmissão ancestral em contação de histórias (UFSB, 2024-2025). Ministrou a oficina Diálogos Étnicos Raciais no Colégio Estadual de Salobrinho no ano de 2022, em Ilhéus, que tinha como tema África-Brasil: cultura e ancestralidade. Participou, em 2022, do curso de extensão Curso Básico de Língua Inglesa e Interculturalidade Aberto à comunidade da UFSB Nos anos de 2022, 2023 e 2024 participou do 8º, 9º e 10º Congresso de Iniciação à Pesquisa, Criação e Inovação, realizado no campus Jorge Amado – UFSB, sendo que no primeiro ano conquistou o primeiro lugar, no segundo e no terceiro foi reconhecido com o Prêmio Destaque de Iniciação Científica e Tecnológica na UFSB, com a pesquisa Racismo e Antirracismo no Ensino de Línguas. Organizou a palestra intitulada” Uma resposta ao estímulo-resposta: como a teoria gerativista ajudou a linguística a compreender como se aprende uma língua" proferida pelo Dr. Carlos Felipe Pinto, realizada em 2022 (UFSB). Foi um dos realizadores da pesquisa "Pretoguês em comunidades quilombolas da Chapada Diamantina" – UFBA em 2023. Fez o curso Igualdade Racial nas Escolas, em 2023, promovido pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) em parceria com o Instituto de Educação a Distância da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro Brasileira (UNILAB). Apresentou um de seus artigos, "As influências das línguas bantu no português do Brasil:origens e trajetórias rumo ao Pretuguês" no II Colóquio de Linguística (II COLIN) – Linguística hoje: potencialidades e interfaces, realizado pelo Centro Acadêmico de Letras Prof.Ruy Póvoas, em parceria com o Programa de Pós-graduação em Letras: Linguagens e Representações (PPGL - UESC), Kàwé - Núcleo de Estudos Afro-Baianos Regionais (NEAB) e o Laboratório de Redação, no ano de 2023. Foi revisor do livro “Racismo e Linguagem: estratégias de professores negros no ensino de língua inglesa”, do Dr. a abordar sobre o estilo, de dança e música, Kuduro na perspectiva linguística no seu artigo “O kuduro como espaço de resistência linguística do português d'Angola: Angolês”, publicado em 2024 pela Revista Fez o curso autoinstrucional de Formação em Linguagens e suas Tecnologias, em 2024, promovido pela Secretaria de Educação Básica no Ambiente Virtual de. Aprendizagem do Ministério da Educação - AVAMEC. Em 2024 fez o curso de Linguagem e pensamento: introdução representação, Linguagem e criatividade e Linguagem no mundo real oferecido pela The Open University - Inglaterra. Realizou estágio na Prefeitura de Itabuna como auxiliar de vida escolar - AVE, 2023-2025. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa!

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Publicado

2025-10-14

Como Citar

Pretoguês e a sua ressignificação: do olhar pejorativo à resistência/representação sobre as marcas de africanização linguística. (2025). Signo, 50(99), 189-199. https://doi.org/10.17058/signo.v50i99.20692