Pretoguês e a sua ressignificação: do olhar pejorativo à resistência/representação sobre as marcas de africanização linguística
DOI:
https://doi.org/10.17058/signo.v50i99.20692Palabras clave:
Africanização do Português, Colonialidade da Língua, Lélia González, Línguas Bantu, PretoguêsResumen
Sendo o Pretoguês, hoje, um símbolo que recupera, mediante todo o processo de ressignificação, os elementos identitários e linguísticos das línguas Bantu, foi considerado um termo pejorativo durante todo processo colonial. Então, a partir disso procuro analisar a origem, a trajetória e a ressignificação do termo "Pretoguês", demonstrando como ele representa a fusão linguística entre o português europeu e as línguas Bantu em Angola e sua posterior influência no português brasileiro através do processo transatlântico de escravizados. Seguindo essa linha de raciocínio, destaco o papel de intelectuais como Lélia González na valorização do Pretoguês enquanto legado cultural, além de comparar traços comuns no português angolano e brasileiro, como adaptações fonéticas e sintáticas. Conclui-se que o Pretoguês representa não apenas uma transformação linguística, mas um ato político de preservação identitária, desafiando hierarquias coloniais e reivindicando atos políticos que questionam a colonialidade da língua.
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Referencias
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