Impacto do uso de antibiótico macrolídeos na resistência bacteriana em bronquiectasias não fibrocísticas: revisão sistemática

Autores

  • Nadine Kinetz Funck Núcleo de Desenvolvimento de Novos Fármacos (NUDEFA), Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande, FURG, Rio Grande, Brasil.
  • Marcelle Oliveira Garcia Núcleo de Desenvolvimento de Novos Fármacos (NUDEFA) e Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde (PPGCS), Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande, FURG, Rio Grande, Brasil.
  • Daniel Wenceslau Votto Olmedo Núcleo de Desenvolvimento de Novos Fármacos (NUDEFA) e Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde (PPGCS), Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande, FURG, Rio Grande, Brasil.
  • Daniela Fernandes Ramos Universidade Federal do Rio Grande (FURG) – Faculdade de Medicina – Área Interdisciplinar em Ciências Biomédicas – Núcleo de Pesquisas em Microbiologia Médica, Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.17058/reci.v15i1.19905

Resumo

Justificativa e Objetivos: a bronquiectasia é uma doença respiratória crônica caracterizada por dilatação irreversível da parede brônquica, disfunção mucociliar, tosse persistente, expectoração produtiva e infecções recorrentes. O uso de antibióticos é parte essencial do tratamento de bronquiectasias não fibrose cística, sendo os macrolídeos comumente utilizados devido às suas propriedades anti-inflamatórias e eficácia nas doenças neutrofílicas. No entanto, o uso frequente de macrolídeos é preocupante, devido ao seu potencial em induzir resistência antimicrobiana. Nesse sentido, este artigo avaliou o impacto da antibioticoterapia macrolídeo em bronquiectasias não fibrose cística no surgimento de resistência bacteriana. Métodos: trata-se de revisão sistemática descritiva realizada nas bases de dados PubMed, LILACS e SciELO, incluindo todos os artigos publicados até agosto de 2020 que estivessem disponíveis em português, inglês e/ou espanhol, encontrados pelas palavras-chave “resistência antimicrobiana” e “bronquiectasia”. Por outro lado, foram excluídos revisões, artigos de opinião e editoriais, e aqueles trabalhos que não investigaram a resistência bacteriana, especialmente a antibióticos macrolídeos. Resultados:  a revisão encontrou cinco estudos, todos realizados entre 2008 e 2016 na Austrália, Nova Zelândia e Países Baixos, que avaliaram os efeitos dos macrolídeos em crianças e adultos com bronquiectasias. Quatro eram ensaios clínicos controlados e um era estudo de coorte prospectivo. Embora os estudos tenham demonstrado que os macrolídeos foram eficazes na redução das exacerbações e na melhoria da função pulmonar, também relataram o desenvolvimento de resistência aos macrolídeos em alguns casos. Este artigo enfatiza a necessidade do uso cauteloso de macrolídeos no tratamento de bronquiectasias não relacionadas à fibrose cística devido ao potencial de resistência antimicrobiana.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Laska IF, Crichton ML, Shoemark A, et al. The efficacy and safety of inhaled antibiotics for the treatment of bronchiectasis in adults: a systematic review and meta-analysis. Lancet Respir Med. 2019;7(10). https://doi.org/10.1016/S2213-2600(19)30185-7

Martins KB, Olmedo DWV, Paz MM, et al. Staphylococcus aureus and its Effects on the Prognosis of Bronchiectasis. Microb Drug Resist. 2021;27(6):823–34. https://doi.org/10.1089/mdr.2020.0352

Pereira MC, Athanazio RA, Roth Dalcin P de T, et al. Consenso brasileiro sobre bronquiectasias não fibrocísticas. J Bras Pneumol. 2019;45(4):e20190122. http://doi.rg/10.1590/1806-3713/e20190122

Yates B, Ahmad T, Doherty M, Watson G. Bronchiectasis. Am J Respir Crit Care Med. 2015;192(7):859-860. https://doi.org/10.1164/rccm.201507-1449LE

Kelly C, Chalmers JD, Crossingham I, Relph N, Felix LM, Evans DJ, Milan SJ, Spencer S, Cochrane Airways Group. Macrolide antibiotics for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2018; (3). https://doi.org/10.1002/14651858.CD012406.pub2

Gaynor M, Mankin AS. Macrolide Antibiotics: Binding Site, Mechanism of Action, Resistance. Curr. Top. Med. Chem. 2003; 3 (9), 949-961. https://doi.org/10.2174/1568026033452159

Wang D, Fu W, Dai J. Meta-analysis of macrolide maintenance therapy for prevention of disease exacerbations in patients with noncystic fibrosis bronchiectasis. Med (United States). 2019;98(17): e15285. http://doi.org/10.1097/MD.0000000000015285

Ghosh S, Bornman C, Zafer MM. Antimicrobial Resistance Threats in the emerging COVID-19 pandemic: Where do we stand? J. Infec. Public Health. 2021; 14(5):555-560. https://doi.org/10.1016/j.jiph.2021.02.011

Ferri M, Ranucci E, Romagnoli P, et al. Antimicrobial resistance: A global emerging threat to public health systems. Crit Rev Food Sci Nutr. 2017;57(13):2857-2876. http://doi.org/10.1080/10408398.2015.1077192

Inchingolo R, Pierandrei C, Montemurro G, et al.. Antimicrobial resistance in common respiratory pathogens of chronic bronchiectasis patients: A literature review. Antibiotics. 2021;10(3):326. http://doi.org/10.3390/antibiotics10030326

Serisier DJ, Martin ML, McGuckin MA, et al. Effect of long-term, low-dose erythromycin on pulmonary exacerbations among patients with non-cystic fibrosis bronchiectasis: The BLESS randomized controlled trial. JAMA. 2013;309(12):1260-1267. http://doi.org/10.1001/jama.2013.2290

Altenburg J, De Graaff CS, Stienstra Y, et al. Effect of azithromycin maintenance treatment on infectious exacerbations among patients with non-cystic fibrosis bronchiectasis: The BAT randomized controlled trial. JAMA. 2013;309(12):1251-1259. http://doi.org/10.1001/jama.2013.1937

Valery PC, Morris PS, Byrnes CA, et al. Long-term azithromycin for Indigenous children with non-cystic-fibrosis bronchiectasis or chronic suppurative lung disease (Bronchiectasis Intervention Study): A multicentre, double-blind, randomised controlled trial. Lancet Respir Med. 2013;1(8):610-620. http://doi.org/10.1016/S2213-2600(13)70185-1

Goyal V, Grimwood K, Byrnes CA, et al. Amoxicillin–clavulanate versus azithromycin for respiratory exacerbations in children with bronchiectasis (BEST-2): a multicentre, double-blind, non-inferiority, randomised controlled trial. Lancet. 2018;392(10154):1197-1206. http://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)31723-9

Hare KM, Singleton RJ, Grimwood K, et al. Longitudinal Nasopharyngeal Carriage and Antibiotic Resistance of Respiratory Bacteria in Indigenous Australian and Alaska Native Children with Bronchiectasis. PLoS One. 2013;8(8). https://doi.org/10.1371/journal.pone.0070478

Zavala-Flores and Salcedo-Matienzo. Medicación prehospitalaria en pacientes hospitalizados por COVID-19 en un hospital público de Lima-Perú. Acta Med Peru 2020; 37(3):393–395. http://dx.doi.org/10.35663/amp.2020.373.1277

Sultana J, Cutroneo PM, Crisafulli S, et al. Azithromycin in COVID-19 Patients: Pharmacological Mechanism, Clinical Evidence and Prescribing Guidelines. Drug Saf [Internet]. 2020;43(8):691–8. https://doi.org/10.1007/s40264-020-00976-7

Freires MS, Rodrigues Junior OM. Resistência bacteriana pelo uso indiscriminado da azitromicina frente a Covid-19: uma revisão integrativa. Res Soc Dev. 2022;11(1). https://doi.org/10.33448/rsd-v11i1.25035

Athanazio R, Rached S. O uso de macrolídeos para bronquiectasias, Pneumologia Paulista 2016; 29 (1). http://itarget.com.br/newclients/revista-sppt/wp-content/uploads/2016/02/PP01032016.pdf

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). WHO report on surveillance of antiotic consumption. https://www.who.int/publications/i/item/who-report-on-surveillance-of-antibiotic-consumption

Murray CJ, Ikuta KS, Sharara F, et al. Global burden of bacterial antimicrobial resistance in 2019: a systematic analysis. Lancet 2022; 399 (10325):629-655. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(21)02724-0

Serisier DJ. Risks of population antimicrobial resistance associated with chronic macrolide use for inflammatory airway diseases. Vol. 1, The Lancet Respir. Med. 2013. https://doi.org/10.1016/S2213-2600(13)70038-9

Publicado

2025-02-16

Edição

Seção

ARTIGOS REVISÃO

Como Citar

Impacto do uso de antibiótico macrolídeos na resistência bacteriana em bronquiectasias não fibrocísticas: revisão sistemática. (2025). Revista De Epidemiologia E Controle De Infecção, 15(1). https://doi.org/10.17058/reci.v15i1.19905