Compreender e interpretar para (inter)agir: a leitura em livros didáticos de Português Brasileiro como Língua de Acolhimento
DOI:
https://doi.org/10.17058/signo.v50i98.20243Palavras-chave:
Leitura, Domínio grafo-fonêmico, Domínio semântico-cognitivo, Domínio pragmático-discursivo, Ensino de Português Brasileiro como Língua de AcolhimentoResumo
Com esta pesquisa, almejamos avaliar de que maneira a leitura – da decodificação à (inter)ação social – é abordada em duas tarefas do livro Pode Entrar (Oliveira et al., 2015), obra destinada a estudantes de PBLAc. No âmbito teórico, situamos a leitura sob os domínios grafo-fonêmico, semântico-cognitivo e pragmático-discursivo. Esses três domínios dizem respeito, respectivamente, às capacidades de decodificação, às estratégias de leitura e ao uso desta nas práticas sociais. No âmbito metodológico, partimos de um problema social muito recorrente (a tendência de que tarefas instanciadas nos domínios semântico-cognitivos sejam predominantes em livros didáticos). A partir dessa inquietação, elegemos a Análise de Discurso Crítica como método, e definimos critérios de inclusão e de exclusão, que resultaram na seleção de duas tarefas do livro Pode Entrar (Oliveira et al., 2015). No âmbito analítico, salientamos que as tarefas priorizaram o domínio semântico-cognitivo, com ênfase nas estratégias de localizar informações e de produzir inferências locais. Essa constatação sinaliza a importância de o/a docente não apenas diversificar as estratégias nesse domínio, mas também avançar na mobilização de uma abordagem pragmático-discursiva. Por fim, registramos que o/a professor/a pode contemplar esses três domínios em análises textuais, articulando as dimensões do texto, da prática discursiva e da prática social (Fairclough, 2001), aproximando os/as aprendizes, ainda que de maneira simulada, das situações autênticas de uso da língua(gem).
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