Linguagem verbal no transtorno do espectro autista: estudo de casos
DOI:
https://doi.org/10.17058/psiunisc.v9i.18596Palavras-chave:
transtorno do espectro autista, interação social, estudos de linguagemResumo
Introdução: Uma das características centrais na identificação dos casos de TEA é a comunicação peculiar das pessoas diagnosticadas. Os indicadores de linguagem não verbais para o diagnóstico de TEA em crianças tem sido bem documentado nas pesquisas de observação em contextos de interação social. Contudo, há necessidade de se investigar também os aspectos verbais por meio destas metodologias. Objetivos: O objetivo principal deste estudo é identificar as habilidades e os comprometimentos sociopragmáticos na linguagem verbal de uma criança com TEA, em comparação com uma criança sem TEA, no contexto de interação com a mãe. Pretende-se identificar os comportamentos repetitivos e estereotipados na linguagem verbal e no comportamento da criança, além de dificuldades na habilidade de conversação. Como objetivo secundário pretendeu-se avaliar a adequação de um protocolo de observação construído para avaliar os aspectos sociopragmáticos na linguagem verbal de crianças com TEA. Método: Trata-se de um estudo de casos comparativos, de cunho descritivo e exploratório. Participaram deste estudo 2 crianças (uma com diagnóstico de TEA e outra sem TEA), com 5 anos de idade, e suas mães. Resultados: Os resultados das sessões de observação demonstraram que foi possível identificar comprometimentos sociopragmáticos especificamente na criança com diagnóstico de TEA. O que mais diferenciou os dois casos foi a forma como a criança com TEA interagiu (dificuldades na prosódia e na atenção compartilhada, ausência de relato e presença de expressões estereotipadas e ecolalias) e pela dificuldade de coordenar o olhar com a fala. Conclusão: O protocolo parece ter cumprido seu objetivo, mas ainda necessita de revisão.
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