Quando os muros caem: a linguagem metafórica e o processo de framing em ‘Darmok’ de Star Trek
DOI:
https://doi.org/10.17058/signo.v50i99.20508Palavras-chave:
Metáfora conceptual, Frames, Linguagem, Star Trek, Linguística CognitivaResumo
Este artigo analisa os mecanismos de construção de sentido no episódio “Darmok”, da série Star Trek: The Next Generation, a partir dos fundamentos da Linguística Cognitiva. O objetivo é compreender como a linguagem metafórica utilizada pelos tamarianos articula-se por meio de frames culturais e narrativos, constituindo um sistema comunicativo alternativo. A abordagem teórica baseia-se nos estudos de Lakoff e Johnson (1980, 1999) sobre metáforas conceptuais e cognição corporificada, nas formulações de Fillmore (1976) sobre semântica de frames, e nas contribuições de Duque (2015, 2017) acerca da linguagem como comportamento cognitivo situado e frames interacionais. A metodologia adotada é qualitativa, segundo os parâmetros de Denzin e Lincoln (2005), e se orienta pelo paradigma indiciário de Ginzburg (1989), que privilegia a interpretação de pistas e indícios nos dados discursivos. A análise centra-se nas interações verbais do enredo, buscando identificar os frames ativados por meio de metáforas e referências míticas. Os resultados indicam que a comunicação tamariana, embora à primeira vista ininteligível, revela-se compreensível quando interpretada como manifestação de estruturas cognitivas baseadas na experiência e na cultura compartilhada. Conclui-se que o episódio oferece uma representação ficcional eficaz das teses centrais da Linguística Cognitiva, suscitando reflexões sobre os limites da linguagem literal e a centralidade da metáfora e da experiência corporificada na construção do significado.
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